Gratias Agimus Tibi

Vou escrever uma história, a última que escreverei para si. É uma história que está escondida entre as linhas e entrelinhas do que aqui ficará escrito. Uma que não lhe sou eu a contar mas que aparecerá escrita nos seus olhos.

 

Tenho palavras e tenho palavras para si. Tenho carinho e ternura em mim, tenho-o comigo assim.
Pecados seus, meus, tentações de quem gostava de poder estar encostada a seu peito a ouvir o seu coração bater, agora. Obrigada por sentir o meu perfume na letra das músicas que ouve e que o lembram de mim. Obrigada por ser quem e como é, obrigada por ter sido tão bom para mim.
Obrigada pelas noites em que dançámos só os dois, pelas palavras que são mais que letras, pelos risos e pelos sorrisos, pelos abraços que me aqueceram quando tinha frio, pelos beijos dados com todo o seu carinho e vontade. Obrigada pelas histórias que partilhámos e pelas que não chegámos a partilhar. Obrigada pela inspiração e pelas noites de afecto até à madrugada.
Obrigada por se ter deixado conhecer por mim, por me deixar fazer parte de si, por me deixar ser um sorriso nos seus lábios. Obrigada pelas noites na sua companhia, pelo ombro que me deu para descansar, pelas palavras que me escreveu na pele que talvez não tenha chegado a tocar.


Obrigada pelos beijos na alma, no que de mais profundo há em mim, no meu peito e nos meus lábios. Obrigada pelas suas mãos suaves em mim, pelos amassos, pelo franzir de nariz quando sorri e percebe que me estou a meter consigo. Obrigada por me mostrar que me lê, e que se revê, nestes bocadinhos de mim. Obrigada por me deixar desabotoar botões da sua camisa, por me deixar despir-lhe o casaco de que tanto gosto, por me deixar desenhar na sua pele, nas cicatrizes que nunca vi, nas pernas que agarro quando o tenho em mim.
Obrigada por ter acalmado a minha mágoa, por afagar a minha alma, por perceber que o desejo e a tentação são tão importantes como tudo o resto. Obrigada pelo beijo que senti quando pensou em mim. Obrigada por ter vontade de mim.
Obrigada por todas as histórias que aqui estão e especialmente pelas que não estão.
Obrigada pelos livros que li, pelos passeios que fiz, filmes e pessoas que conheci, programas que vi graças a si. Obrigada pela música que me mostrou e que nossa ficou. Obrigada pelo último beijo e obrigada pelo abraço apertado que ainda sinto no meu peito. Obrigada por me ter dito que era especial. Meu querido, cujo nome apenas disse sussurrado quando caminhava de volta à vida que não é a verdadeira, obrigada.
Um obrigada cheio de admiração por quem leio, ouço e vejo sempre que tem e terá algo a dizer e sempre que tiver algo para me dizer a mim.
Obrigada por me ter deixado viver no seu sonho, por não me ter feito mal e, no fundo, por me ter compreendido.

 

Um incontável e imensurável número de obrigadas que nunca será suficiente.

Metáforas, hipérboles, sinédoques e aliterações  - Histórias que escrevo para si e para mim. Histórias escritas por dedos enfeitiçados e que enfeitiçam. Histórias escritas por alguém que nunca lhe quis fazer mal, que nunca quer e que nunca o fará. Histórias escritas numa esplanada de cadeiras de metal, num canto de sofá iluminado e numa cama onde nunca nos deitaremos. Histórias que nunca aconteceram, beijos que nunca foram dados e palavras que nunca foram partilhadas. Obrigada pelo que nunca aconteceu.

 

Você é lindo, em todos os sentidos da palavra. E mesmo quando acha que não é quero que saiba que, para mim, será sempre um sonho encantador de um Inverno frio e chuvoso.
Não retiro nenhum 'inho' dos que acrescentei às palavras nem nada do que lhe confessei ser o que gostava porque não acredito que estas possam ser partilhadas em sonhos que nunca foram sonhados.
Meu desejo, minha vontade, minha tentação, serei sempre sua, noite que nunca acaba, história que como é sonho não tem fim.
As noites continuarão sem escrever para si, o corpo continuará imperfeito e a alma também, mas mais cheia e cheia de si. Seremos o dia de sol inesperado num Inverno frio e os dias passados em casa a escrever até a mão não poder mais. Seremos a música que será sempre nossa, aquela que me mostrou e as outras que lhe cantei da rocha que só você sabe qual é. Serei as palavras escritas na areia que têm de ser lidas antes do mar as devorar, antes do vento as varrer, antes do sol as queimar. Estou e sou (n)o nome que me deu e que guardo como sendo o verdadeiro. Estou no copo de água e não nos de vodka porque me preocupo consigo. Estou nos gemidos que arrancou de mim, estou onde me quiser ver, onde se lembra de mim, onde me quer para si.
Quero e espero que seja feliz. Desejo isso para si, que o merece, e para os que consigo partilham histórias, sorte de quem o tem como família, como amigo.
Que bom saber que é desejado, amado incondicionalmente por aqueles a quem pertence e por aqueles que lhe pertencem a si, e que bom saber que tem quem cuide de si.
Ao dia que não chegou a ser, a esse, brindemos. Porque o que já foi já foi e o que não pode ser também já foi. Brindemos a Vivaldi que nunca tocou para nós e brindemos aos gostos simples e bonitos que partilhamos e aos que não partilhámos também. Ficam os sonhos e não as memórias porque na memória está o que foi, o que existiu, e eu não fui, eu não sou memória, sou sonho e de sonhos percebemos nós.

 

Aos outros, que leram o que escrevi e que me disseram que escrevo histórias de ficção que enternecem e enaltecem a vontade de ser este 'ele' e de ter esta 'ela' nos seus braços, agradeço de uma outra maneira. É um obrigada menos seguro do que as minhas palavras provocaram em si. É um obrigada pela paciência de me ler que não é dito nas palavras de um cantor de que gosto, mas que poderia ser, porque sei que também a vós devo um agradecimento como deve ser.
Não escrevo agora aqui citações de livros que li e que tenho apontadas, que são extraordinariamente apropriadas e que nunca poderei utilizar noutro contexto, porque as palavras dos outros são lindas, são perfeitas, mas as minhas é que se despedem, as deles ficam para sempre.

Sonhe muito, seja feliz.

publicado por verbistantum às 00:22 | link do post | comentar