Trilho

A luz de fim de tarde que a iluminava em feches tímidos era reflectida nos cortinados brancos, multiplicando a sua sombra pelas paredes do quarto.

Ela estava em pé, nua, à sua espera. Ele entrou no quarto, despiu o casaco e seguiu a luz que o levava aos cabelos negros, costas, mãos e pernas que o esperavam. Encostou-se, aconchegou o queixo ao ombro dela e com todo o carinho levantou-lhe os braços até à altura dos ombros. Os seus dedos começaram a deslizar sobre a pele macia dos braços, devagar devagarinho, delicadamente até chegar às mãos. Passeou os dedos pela palma da mão dela, sentiu-a a corar, a mudar o ritmo da respiração.

Queria vê-lo, sentia-o a respirá-la, queria-o muito e ele já tinha percebido. Antes que conseguisse olhá-lo nos olhos sentiu os lábios dele a pousarem no seu rosto. Manteve-se imóvel, com os braços esticados e as pernas semi-abertas a sentir as mãos frias dele a ambientarem-se ao seu corpo, a pousarem nos seus seios, mas só por um momento, não resistindo e continuando a trilhar um caminho de desejo pela sua barriga, saboreando os contornos da sua cintura, até chegar ao seu destino.
Ela não conseguia esperar mais, queria olhar nos olhos dele, mostrar-lhe o quanto o desejava, o quanto queria que a fizesse sua. Levou a mão direita ao cabelo dele, agarrando-lhe o pescoço, incentivando-o a continuar. Baixou o outro braço e agarrou na mão dele que estava agora confortável no fundo da sua barriga, abraçada a si, e beijou-o com toda a vontade que tinha dele. Não resistiu e colocou as mãos dele na sua cintura, como provocação, a puxá-lo para ela, e rodando sobre si mesma mergulhou no mar de olhares, toques, beijos e caricias eternas que ele tinha preparado para ela.

publicado por verbistantum às 23:59 | link do post | comentar